A série de filmes Missão Impossível chegou ao seu fim, aparentemente.1 E chegou ao fim conseguindo elevar ainda mais o nível de peripécias - em relação aos demais filmes da franquia - realizadas por um senhor sexagenário.
É admirável perceber a evolução constante da obra, a cada filme que foi lançado. Mesmo mantendo os exageros e clichês de ação/espionagem e mesmo sabendo que, no fim das contas, o Tom Cruise vai salvar o dia, a noite, o mundo e o universo, a franquia nos evocar um desejo de continuar acompanhando a trajetória de seus personagens é digna de aplausos.
E pensar que as produções de 007 só conseguiram elevar o seu nível após a chegada de Daniel Craig, não é mesmo? Vocês estão prontos para essa conversa?
Ironias a parte, e levando em consideração todas as épocas em que os clássicos de James Bond foram feitos, é sim um paralelo que poderíamos traçar. Confesso que sei pouco sobre a série de TV, da qual se origina o Missão Impossível, mas as aventuras de Ethan Hunt no cinema são - por mais absurdo que pareça - mais “pé no chão” que as abordagens, armas, vilões e estratégias de James Bond...
Mas vamos focar em Tom Cruise. O astro da porra toda.
Boa parte da força que Missão Impossível traz, vem não apenas da atuação de Tom Cruise, mas também pelo fato de ele preferir não usar dublês em muitas das grandes cenas dos filmes. A maioria das pessoas já vai para o cinema sabendo que o ator saltou de um prédio segurando apenas uma corda, quebrou um tornozelo, se pendurou num avião pelo lado de fora, saltou um milhão de vezes de moto num precipício etc. O “esmero radical” que ele atribui a si e aos filmes, sem dúvida, enriquecem as produções.
Este oitavo e último filme, Missão Impossível: O Acerto Final, apresenta tudo aquilo que pode se esperar. Utiliza de suas convenções particulares e toca na nostalgia dos fãs mais antigos que acompanharam tudo, desde o início, de maneira síncrona. Não tem medo de usar flashbacks, seja para relembrar o histórico do personagem, fazendo uma homenagem àquele universo criado, seja para contextualizar o espectador em que pé a história se encontra. De tabela, ainda explora o tema contemporâneo de IA, apresentado no filme anterior - na primeira parte.
Algumas pessoas podem até se incomodar com o excesso de explicações em diálogos expositivos que o roteiro apresenta, mas quando se tem um filme de 3 horas, recheados de cenas grandiosas de ação, se utilizando de uma cinematografia eficiente, com planos variados e uma montagem ritmada, facilitar o “doncovim” e “proncovô” é aceitável, vai.
Sem contar que uma trama elaborada, cheia de variáveis (considerando todos os imprevistos), é o que dá um senso de “realidade” a toda aquela simulação de guerra nuclear e fim de mundo. Se os objetivos dos personagens fossem muito simplórios, aí sim acharíamos exagerado os esforços e dedicação de Ethan Hunt e sua equipe.
Eu espero que Missão Impossível tenha finalizado e que o senhor Cruise possa descansar da vida de dublê que essa franquia lhe rendeu. Caso ele volte, que seja como um velho (velho mesmo) do alto escalão de espionagem que comandará um jovem espião rebelde, vivido por um jovem ator. Mas isso é discussão pro futuro.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ ½
A franquia arrecada milhões e milhões de dinheiros… Botar um fim nela não me parece algo que Hollywood deixaria acontecer.