Nunca fui de me importar com bichinhos de estimação. Durante a infância tive, brevemente, dois passarinhos e duas cachorrinhas, mas que logo direcionamos para outros donos (antigos tutores).
Depois que conheci Priscila, descobri que ela gostava muito de gatos, embora não tivesse nenhum em casa. Achei estranho: “como ela pode gostar tanto de algo, sendo que não tem?”. Nietzsche me chamaria para uma conversa, neste ponto? Melhor seguirmos.
Refletindo sobre esse pensamento, lembro de que, na adolescência, gostava muito de guitarras, mas nunca tive uma ou (ao menos) aprendi a tocar, até hoje.
Nota mental, ilustrar o texto com um gato guitarrista.
Eu não pensava em ter gatos de estimação. Pra falar a verdade, não pensava muito em gatos, de forma geral.
Ainda assim, Priscila passou a compartilhar comigo, de maneira gradual, vídeos e mais vídeos de gatinhos fofos. Aprendi que ela também adorava estampas delicadas de gatos, ilustrações de gatos em objetos, comidinhas no formato de gato e mais uma gama de outras coisas e situações que evolviam gatos.
A justificativa, até então, para que não tivesse um, era possíveis alergias dela e dos familiares.
Em 2021 - já namorava Pri há 4 anos -, ela estava se sentindo triste por algumas situações pessoais e profissionais (e em plena pandemia!), assim, elevamos nossa rebeldia ao máximo contra as proibições familiares* e decidimos adotar um gatinho!
*A princípio, o gato ficaria na casa dela e dos pais, apenas.
Por intermédio de alguns conhecidos, soubemos de uma ninhada à procura de um lar e optamos por ficar com um dos filhotes: um sialata magrelo de grandes olhos azuis.
Antes mesmo de irmos buscá-lo, consideramos o nome, passando por “biscoitinho queimado” e “porco-aranha” (ainda penso em usar esse nome um dia) e decidimos por Jake.
Eu já te contei a história de amor entre Patrick e Priscila? De quando se conheceram na fila do show de Jake Bugg? Não? Ah!
Jake era um nome que fazia total sentido para a gente. Era por causa do cantor que nossas vidas se cruzaram e nada mais justo do que homenageá-lo colocando seu nome em nosso gatinho.
Até hoje eu associo os grandes olhos azuis do gato Jake aos grandes olhos azuis do ator Jake (Gyllenhaal), mas eu não conto isso pra ninguém, para a Pri não se chatear.**
**Eu conto isso pra todo mundo.
Pegamos o endereço e fomos à busca de Jake, o gato, no caso.
Atravessamos São Paulo, de oeste a leste, indo de Barueri (onde Pri morava) até para depois da ponta da zona leste, onde Judas mal sonhou em chegar.
Jake nos olhou assustado e deu alguns miadinhos finos.
Voltamos e fomos direto para o veterinário, a fim de avaliá-lo e entender melhor sobre a situação de saúde do bichinho.
Passamos a noite acordados matando inúmeras pulgas e tentando acalmar o filhote medroso, que provavelmente chorava à procura da mãe. Com o passar da madrugada, ele acabou dormindo embaixo da minha mão quentinha. E para aqueles que já estão esperando eu associar essa passagem à de um pai segurando um filho recém-nascido no colo para ele dormir, a espera acabou!


Jake logo se acostumou ao novo lar, brincava com ratinhos de pelúcia, dormia de rosquinha no pescoço da Pri e vivia faminto. Explorava a casa enquanto todos dormiam. Até os demais familiares se afeiçoaram ao gato.




Em 2022, quando Pri e eu fomos morar juntos, Jake implorou para ir também. É sério, ele me contou isso uma vez.
Nova casa para os pais de pet, nova casa para o pet.
Jake logo se tornou o dono do pedaço. Com todo o seu grande porte (6 quilos!) e mais peludo do que a encomenda, ele é o reizinho de travesseiros e cama. Aquele que só entra na caixa de transporte quando sabe não haver chances de ser fechada para ir ao veterinário. Aquele que, apesar de ter um potinho customizado, só escolhe tomar água corrente direto da torneira.




Você já ouviu a história de que gato é independente e que chega, até, a te ignorar? Pois é, é verdade. Mas não taaanto assim.
Jake retribui nosso amor e carinho com frequência. Ele faz manha e parece entender tudo para ignorar, de propósito, aquilo do qual não concorda. Conseguimos amá-lo em coisas simples, ao escová-lo com uma luva cheia de cerdas ou ao jogarmos petisco longe para assisti-lo correr. Ficamos tenso ao levá-lo ao veterinário e relaxados quando estamos de volta.
Ter um gato mudou nossas vidas - nos deixou mais “bundões” também, é verdade -; eu não poderia imaginar (nunca) o quanto um gatinho poderia nos fazer feliz como Jake faz.
E depois de escrever tudo isso, eu só preciso de mais uma coisa: alguém sabe em que idade os gatinhos começam a entender português, para que possa ler esse texto para o Jake?
vai ter que baixar a extensão gato-br em vez de PT-br
Meu amor todinho 🥹🥰😻